O ministério da Defesa da Rússia anunciou, neste sábado (5), um cessar-fogo nas cidades ucranianas de Mariupol e Volnovakha para permitir a liberação de corredores humanitários para a fuga de civis.
De acordo com o governo russo, a interrupção dos ataques e bombardeios teve início às 10h no horário de Moscou (04h pelo horário de Brasília), e servirá para que civis fujam da Ucrânia com segurança.
Este é, até o momento, o primeiro cessar-fogo feito pelo exército da Rússia desde que as tropas do país começaram a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro.
Em comunicado, o ministério de Defesa russo afirmou que os “corredores humanitários e rotas de saída foram acordados com o lado ucraniano”. Mykhailo Podoliak, chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou que os corredores de evacuação estão sendo preparados em regiões do país.
Autoridades da cidade disseram que os dois lados concordaram que os ucranianos terão cinco horas para cruzarem os corredores humanitários enquanto os disparos estiverem interrompidos.
Na última quinta-feira (3), em um encontro para negociações entre os dois países, representantes da Ucrânia e da Rússia já haviam concordado com os corredores humanitários — locais que não seriam alvos de ataques russos e serviriam para a passagem de refugiados e recursos.
Zelensky critica OTAN
Em uma publicação nas redes sociais na última sexta-feira (4), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, condenou a decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de descartar a implementação de uma zona de exclusão aérea sobre o país. “A Otan decidiu deliberadamente não cobrir os céus da Ucrânia”, disse.
“Acreditamos que os países da Otan criaram uma narrativa de que fechar os céus sobre a Ucrânia provocaria a agressão direta da Rússia contra a Otan. Essa é uma auto-hipnose de quem é fraco, inseguro por dentro, apesar de possuir armas muitas vezes mais fortes do que nós temos”, continuou.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que atender ao pedido poderia significar uma guerra de direitos na Europa.
Resistência ucraniana
Mais cedo, comentando o cenário do nono dia de confrontos, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, afirmou que as ações dos ucranianos “pararam” o grande comboio militar russo em direção à Kiev.
“Temos relatos de que uma ponte que acreditamos estar no caminho para lá foi explodida. Também temos indicações de que os ucranianos atingiram o comboio em outros locais e em veículos”, disse Kirby.
“Acreditamos mesmo que as ações dos ucranianos paralisaram o comboio, certamente que o abrandaram, pararam-no em alguns locais”, acrescentou.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), mais de 1,2 milhão de pessoas deixaram a Ucrânia fugindo do conflito. A maior parte dos refugiados cruzou a fronteira para a Polônia.
Incêndio em Zaporizhzhia
O presidente Volodymyr Zelensky acusou as forças russas de atacarem intencionalmente a usina nuclear de Zaporizhzhia e pediu aos líderes mundiais que detenham as forças russas “antes que isso se torne um desastre nuclear”.
Os russos, por outro lado, acusam “sabotadores” ucranianos de serem os responsáveis pelo incêndio, um ato de “monstruosa provocação”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Logo após a confirmação da ocorrência, havia o temor de que o fogo provocasse um vazamento de material radioativo, o que não foi reportado. Em 1986, a Ucrânia viveu o catastrófico acidente nuclear ocorrido na usina de Chernobyl.
O porta-voz da usina de Zaporizhzhia, Andrii Tuz, afirmou que a central não sofreu nenhum dano crítico, embora apenas uma entre as seis unidades de geração de energia esteja operando.
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