Uma paciente de 18 anos relatou em uma postagem na rede social que um médico de um posto de saúde em Hidrolândia, interior do Ceará, fez perguntas eróticas, a agarrou e tentou pegar nas partes íntimas dela durante uma consulta. Depois da divulgação do caso, outras duas mulheres também denunciaram o profissional por crimes sexuais. (veja relato abaixo)
Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a Polícia Civil apura denúncias de crimes sexuais que teriam sido cometidos pelo médico durante atendimentos em uma unidade hospitalar. O fato foi registrado por meio de um Boletim de Ocorrência (B.O) nesta quarta-feira (4), na Delegacia Municipal de Santa Quitéria, unidade responsável pelo caso.
“Oitivas estão em andamento no intuito de elucidar os fatos. Mais detalhes serão repassados em momento oportuno para não comprometer os trabalhos policiais”, disse a polícia.
A Prefeitura Municipal de Hidrolândia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou que após tomar conhecimento do caso pelas redes sociais afastou o servidor apontado pela paciente para averiguação dos fatos, que prestava atendimento na UBS Cosma Maurício da Silva.
“O Governo Municipal de Hidrolândia ressalta que repudia qualquer ato de assédio ou importunação sexual”, diz um trecho da nota da prefeitura.
‘Tentou me agarrar’
Conforme a técnica de edificações Carla Carvalho, ela teve filha há dois meses e procurou a unidade de saúde na manhã de terça-feira (3), com um quadro mastite, uma inflamação aguda nos seios. Ao entrar no consultório, ela foi atendida pelo médico, o mesmo que fez o parto dela.
“Na conversa inicial foi algo normal, ele perguntou o que tinha acontecido, expliquei para ele, viu meu seio e disse que era um caso bem sensível para tratar e caso eu não fizesse no posto teria que ir ao hospital. Como o hospital fica a cerca de 32 quilômetros e tenho uma filha pequena preferir fazer lá [posto]”, relembra Carla.
Segundo a paciente, o médico começou a fazer o procedimento nos seios dela, mas depois de um certo tempo passou a se encostar nela e fazer perguntas de cunho sexual.
“Como era um procedimento doloroso, eu estava sentindo muito dor, ele pediu para não olhar, pois se eu olhasse iria doer ainda mais. Inicialmente ele fez perguntas normais para me distrair da dor. Depois de um tempo, passou a fazer perguntas eróticas sobre relações sexuais. Como meu peito estava muito cheio começou a vazar leite, aí ele perguntou se podia chupar meu peito”, relatou a jovem.
Ainda de acordo com a técnica de edificações, ela estava na maca quando o médico começou o assédio, depois disso, ela se sentou em uma cadeira e o profissional tentou agarrá-la e pegar nas partes íntimas dela.
“Ele começou a me agarrar, me abraçar, me cheirar e eu fiquei tentando me sair. Quando saí da maca ele começou a se esfregar em mim, tentou pegar nas minhas partes íntimas, eu segurei as mãos dele e ele tentou colocar minhas mãos nas partes dele. Pedi a ele para deixar eu ir embora e ele perguntou: ‘você vai me deixar assim’? [excitado].Jamais imaginaria ter procurado atendimento em um posto e passar por aquilo”, disse a técnica de edificações.
Conforme ela, o médico encerrou o atendimento, ela foi embora para casa e relatou para a mãe o que tinha acontecido.
“Quando saí, como estava muito traumatizada, fui para casa, fiquei em estado de choque, não sabia o que fazer, é algo que nunca se espera, você ir ao médico e passar por isso. Conversei com a minha mãe que me incentivou a denunciar. […] Meu psicológico está abalado, não consigo dormir direito, não consigo comer, não consigo pensar, porque fico me lembrando”, afirma a paciente.
Publicação nas redes sociais
Incentivada por amigas, Carla fez uma publicação na rede social, relatando o que tinha passado com o médico durante a consulta.
“Fui incentivada a expor o caso, pois poderia não ser a única a passar por aquilo com aquele médico. Nós mulheres somos fortes, temos que ter voz, se não seria somente a minha palavra contra a dele”.
Através da postagem, outras duas mulheres da cidade procuraram Carla e também denunciaram o médico por assédio em atendimentos anteriores.
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