Pelo menos seis prefeitos de cidades cearenses são investigados por suspeitas de crimes contra as administrações públicas em 2022. Entre as acusações, estão corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação.
Eles foram alvos de ações da Polícia Civil e do Ministério Público do Ceará (MPCE). Entre os investigados, há prefeitos de primeiro mandato e há outros que já exercem o cargo pela quarta vez.
No último dia 19, o prefeito de Acopiara, Antônio Almeida Neto (MDB), passou a integrar a lista dos gestores investigados após ser alvo de uma ação do MPCE, que detectou irregularidades na contratação de uma empresa de Engenharia que prestaria serviços na cidade.
A empresa La Porte Engenharia teria vencido uma licitação de R$ 2,2 milhões para recuperação do canteiro central, polo de lazer, demolição de pavimentação, retirada de meio-fio e implantação de piso intertravado. No entanto, quem teria executado a obra, de fato, seria o motorista do prefeito, Almir Rodrigues do Nascimento.
Diante das investigações, o prefeito foi afastado por 180 dias do cargo por força de decisão judicial. Na última quinta-feira (20), inclusive, a vice-prefeita da cidade, Ana Patrícia, tomou posse à frente da gestão. Os vereadores de Acopiara convocaram uma sessão às pressas após o afastamento de Antônio Almeida Neto.
A reportagem tentou entrar em contato com o prefeito de Acopiara, mas a defesa do gestor disse que não irá se pronunciar no momento.
Além dele, pelo menos outros cinco prefeitos são investigados em ações que envolvem dano ao erário durante o mandato.
ITATIRA
Eleito em 2020 para o comando de Itatira, essa é a segunda vez que o prefeito José Ferreira Mateus (PP), mais conhecido como ‘Zé Dival‘, ocupa a gestão da cidade. No entanto, no início de agosto deste ano, ele foi afastado do cargo sob acusação de fraude em licitação e lavagem de dinheiro após ser alvo da Operação “Hasta”, da Polícia Civil. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos, inclusive, na casa do então gestor.
A reportagem tentou entrar em contato com os telefones informados do prefeito ao TSE e no site da Prefeitura. Todavia, não houve retorno.
ALTANEIRA
No início de junho deste ano, o prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), foi um dos alvos da operação “Salus”, que apura crimes contra a administração pública, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa do gestor.
À época, ele negou qualquer irregularidade, disse que não tinha nenhuma acusação formal contra a sua administração e se colocou à disposição da Polícia Civil e da Justiça.
Procurado novamente pela reportagem, Dariomar disse que o processo ainda está em curso e está aguardando a conclusão, mas que a invetigação no município é a seu favor.
“A investigação não é contra mim. Pelo contrário, toda investigação em Altaneira é a meu favor. Só com a investigação verá que nunca causei prejuízo ao município”
DARIOMAR RODRIGUES
Prefeito de Altaneira
SENADOR POMPEU
Em Senador Pompeu, no início de maio, o prefeito Maurício Pinheiro (PDT) foi um dos alvos da operação “Descartes”, do MPCE, que apurava indícios de crime de responsabilidade administrativa, associação criminosa e falsidade ideológica na cidade. Na casa de familiares do gestor, foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
Na época, outros agentes públicos, um empresário e uma empresa que opera um aterro sanitário na região também foram alvos de mandados de busca e apreensão. Diante da ofensiva na cidade, o prefeito foi às redes sociais para comentar o assunto. Na ocasião, ele disse que o ocorrido era uma prova da “democracia funcionando” e que os agentes foram “bem recebidos”.
HIDROLÂNDIA
Em março, a Prefeitura de Hidrolândia foi alvo da operação “Laranja Mecânica”, que investiga a utilização de parentes da prefeita Ires Moura Oliveira (PDT) como laranjas para realizações de contratações no município.
Na ocasião, 21 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Documentos, celulares, R$ 92 mil em espécie e armas de fogo sem registro – estas encontradas na residência da gestora. R$ 92Mil em espécie foram apreendidos na casa da prefeita. Tanto à época como agora, a reportagem tentou entrar em contato com a gestora pelos telefones cadastrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelos telefones da prefeitura, mas não obteve resposta.
CATARINA
Na cidade de Catarina, em fevereiro, o prefeito Thiago Paes de Andrade Rodrigues (MDB), o Dr. Thiago, foi afastado do cargo por quatro meses após ser alvo da operação “Tártaro”, deflagrada pela Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração Pública (Procap). A operação investigava práticas de peculato, fraudes em licitação, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro envolvendo contratos da Prefeitura.
O prefeito reassumiu cargo em julho. A reportagem tentou entrar em contato com o prefeito à época e agora, por meio dos telefones informados na Justiça Eleitoral e na Prefeitura, mas sem sucesso.
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