A divulgação de pesquisas de intenção de voto se intensifica em anos eleitorais. Só em 2022 foram registradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 1.562 pesquisas até a quinta-feira (28), o que dá mais de sete por dia.
Os métodos usados pelos institutos são variados. Os levantamentos podem ser feitos presencialmente, por telefone e até pela internet, utilizando amostras e questionários diferentes.
Na mais recente pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira (28), a vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), é de 18 pontos.
No levantamento da Genial/Quaest, divulgado em 6 de julho, a liderança é um pouco menor: 14 pontos. As pesquisas têm em comum o fato de terem sido feitas presencialmente.
A diferença entre os dois se estreita quando as pesquisas são telefônicas. No levantamento da XP/Ipespe, a liderança de Lula é de nove pontos. Na pesquisa TV Record/RealTime Big Data, de oito pontos.
Mas por que acontece isso? A CNN conversou com cientistas políticos para entender o motivo dessa diferença.
O presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, trouxe uma hipótese: “Os eleitores, sobretudo eleitores pobres, em lugares em que o Lula é amplamente predominantes, são entrevistados em redes de fluxo ou nas residências, cercados de outros eleitores igualmente pobres. Alguns se ocultam ou se sentem constrangidos de apontar voto em Bolsonaro”, disse.
Pensando nisso, a CNN mantém um agregador de pesquisas em parceria com o Instituto Locomotiva. Ele reúne as principais pesquisas eleitorais.
O presidente do Locomotiva, Renato Meirelles, explicou a iniciativa: “Nós olhamos os métodos de pesquisa, se foram pesquisas online, por telefone ou presenciais, calculamos a margem de erro e, com isso, conseguimos dar o peso real para cada pesquisa”.
Em um cenário tido como polarizado entre Lula e Bolsonaro, outra questão é sobre como essas pesquisas podem elevar a instabilidade política.
O diretor-executivo da Eurasia Group, empresa de consultoria e pesquisa de risco político, Cristopher Garman, analisou: “O resultado das pesquisas acaba exacerbando um risco de uma eleição contestada”.
Já o cientista político Andrei Roman não acredita que os resultados possam acirrar os ânimos: “A polarização política não é um fato novo. O Brasil teve, nos últimos anos, um aumento dessa polarização, mas as instituições vêm se mostrando bastante resilientes em função dos desafios que estamos presenciando”.
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