O médico e prefeito de Uruburetama, José Hilson de Paiva foi preso preventivamente por suspeita de abusar de mulheres e filmá-las com câmeras escondidas, sem o consentimento das pacientes. Ele se apresentou à polícia acompanhado do advogado, na Delegacia Geral da Polícia Civil, em Fortaleza.
A prisão foi determinada nesta sexta-feira (19) pelo juiz José Cléber Moura do Nascimento, que considerou a medida necessária para preservar as provas e evitar a influência do prefeito nas investigações.
“A prisão preventiva se faz necessária a fim de preservar higidez das provas a serem produzidas em juízo eis que, da leitura das peças, depreende-se que o representado vinha utilizando sua influência para se manter impune ao longo de vários anos”, decidiu o juiz.
Para o advogado, o argumento é “absolutamente incabível” pelo fato de o prefeito estar afastado do cargo do prefeito e impedido de exercer atividade médica.
Denúncias desde a década de 1980
O prefeito de Uruburetama é denunciado por abusos sexuais de pacientes desde a década de 1980. No caso mais recente, em 2018, quatro mulheres disseram terem sido estupradas pelo médico enquanto eram atendidas.
Outras pacientes ouvidos pelo Fantástico afirmaram não ter coragem de informar as autoridades sobre o caso porque dependiam do prefeito para garantir emprego ou serviço público.
A Justiça determinou também busca e apreensão de objetos em dois endereços de José Hilson nas cidades de Fortaleza e Uruburetama. A medida é para apreender computadores, celulares, tablets, HDs externos, CDs e DVDs gravados, receituários médicos, prescrições, agendas de consultas, além de outros objetos relacionados ao investigado.
O G1 teve acesso a 63 arquivos de vídeos que mostram José Hilton de Paiva atendendo a pacientes em consultórios nas cidades de Uruburetama e Cruz. Profissionais da Associação Médica Brasileira assistiram ao conteúdo e avaliam que se trata “claramente” de estupro das pacientes.
Em entrevista ao Fantástico na semana passada, o médico afirmou que fez sexo com o consentimento das pacientes e que nunca fez nada “à força”. Para ele, as denúncias são uma “jogada política” de políticos de oposição.
A Associação Cearense de Ginecologia também informou, na última terça-feira (16), que o médico não tem a especialidade ginecológica, apesar de ter atuado por 30 anos na área.
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